quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A história do banho

Não se sabe exatamente quando as pessoas começaram a tomar banho por prazer, por objetivos medicinais, por motivos religiosos ou por finalidades terapêuticas. Mas, apesar disso, há provas de que o homem pré-histórico fazia construções especiais para se banhar. Há registros de que as pessoas já se banhavam no mar, nos rios, nos lagos e nas fontes.

As divindades do banho
Na maioria das culturas antigas, praticamente tudo o que se fazia tinha uma divindade que lhe seria propícia. Muitas vezes, ela também estava associada à medicina e à saúde.

No Egito antigo, Thot, o deus da sabedoria, da escrita e da medicina, era considerado a melhor divindade para cuidar da pessoa que tomava banho. Depois dele, vinha Bes - o senhor da Chalana, uma pequena embarcação com fundo achatado, o deus do casamento, que cuidava do parto e do banho das crianças e mulheres.

Os gregos antigos invocavam a proteção de Hera, a mulher de Zeus, durante o banho. Hera também era conhecida como grande Deusa Juno e que denominou o nome do mês de junho (junanius, em romano), e deusa do matrimônio, da honra aos compromissos. Mais tarde, ela teve a companhia de Asclépio, o deus da saúde, e de sua filha Higéia (da qual vem a palavra higiene). Nos templos curativos de Asclépio, o banho era considerado parte essencial de tratamentos de saúde.

Os romanos consideravam Minerva, a deusa do comércio, da educação e do vigor, especialmente bem dotada para cuidar do banho. Fortuna, a deusa do destino, também era representada nas casas de banho, para proteger as pessoas quando estavam mais vulneráveis. Além disso, havia incontáveis ninfas e espíritos associados a fontes e poços locais, venerados como guardiães do banho.

Hindu
Para o hindu, banha-se no sagrado rio Ganges para purificação. Já o reverendo Charles Wesley, um dos fundadores da igreja metodista, disse que "o limpo está perto do divino". Agurueda, o sistema tradicional da medicina hindu, floresceu com base na sabedoria das culturas mais antigas. O uso do banho era considerado de extrema importância nessa forma de medicina.

Gregos e romanos
Nas regiões de Cnossos e Creta, nas casas de famílias ricas, banheiras de argila eram utilizadas para uso pessoal - eram muito parecidas com as nossas modernas banheiras destinadas à completa imersão do corpo.
Também os gregos tomavam banhos por prazer ou para ter uma vida saudável. Os médicos louvavam as virtudes dos diferentes tipos de banho e aconselhavam o uso de óleos na água para untar o corpo antes de as pessoas se secarem.

No século I a C., um médico grego, Asclepíades de Bítinia, conquistou a grande fama em Roma, onde fundou a escola metódica de medicina. Era a favor do uso de remédios com efeitos opostos aos sintomas da doença, assim como dietas generosas, muitos exercícios e banhos. É provável que esse médico tenha sido o grande responsável pela introdução do ideal romano de banhos freqüentes e, indiretamente, pelo entusiasmo com que os romanos construíram seus banhos públicos perto de fontes e poços de água medicinais.
À medida que o império romano foi conquistando a Europa, foram construídas estações de águas em Aix-le-Bains e Vinchy na França - chamadas de "Aquae gratianae" e "Aquae calidae" respectivamente - e em Wiesbaden e "Baden Baden", na Alemanha, de "Acquae mattiacae" e "Aurelia aquensis". Em Bath, na Inglaterra, eram chamadas de "Acquae sulis".

Foram construídos banhos públicos em quase todas as cidades romanas, e a maioria dos cidadãos ricos tinham o seu próprio banho privado. Originalmente, os banhos romanos eram com água fria e pequenas piscinas para nadar. A influência grega converteu-se também ao uso do banho a vapor, com a finalidade de abrir os poros da pele e induzir a transpiração. É provável que, no começo, o banho fosse usado para limpar a pele, mas os benefícios medicinais dos diferentes tipos de água, do vapor e da transpiração transformaram toda a atividade em algo prazeroso e curativo.

Toda a tecnologia e a capacidade artística dos romanos aparecem nas construções dos banhos. A engenharia romana inventou o "hipocausto", um sistema que envolvia um pavimento construído sobre câmaras de gás que esquentavam os cômodos por meio do assoalho. Os artistas criaram belos mosaicos, pinturas murais e enchiam os cômodos de estatuetas e fontes.

Várias salas
Uma casa de banhos romana era constituída por várias salas, que a pessoa percorria uma a uma. A primeira se chamava "frigidarium", por ser uma sala fria sem aquecimento, na qual a pessoa se trocava e se refrescava com um banho inicial frio de chuveiro ou banheira. Depois, passava para a "tepidarium", a sala quente, que era a primeira a receber um certo calor do hipocausto por baixo do piso. Aqui, esfregavam óleos na pele do indivíduo para dar início ao processo de abertura dos poros. Logo que a aclimatação começava, passava-se para o "caldarium", a sala em que o ar já estava quente e úmido em função de um tanque de vapor ligado ao hipocausto. Na verdade, essa sala era tão quente que não se podia tocar o chão, e a pessoa era obrigada a usar sandálias de madeiras bem grossas.
No "caldarium", podia-se lavar o rosto no "labnum" central de água fria, uma bacia que ficava sobre um pedestal e depois recostava-se nos bancos e camas, para transpirar e eliminar as toxinas. Depois dessas etapas, passava-se para a sala super quente, o "loconicum", antes de voltar ao "frigidarium" para outro banho frio e secagem.

Sauna
Na Europa, somente no século XVII o banho se tornou definitivamente restabelecido. Mesmo assim foram necessários mais de 200 anos para convencer os europeus de que era algo saudável.
Neste século, também foram introduzidas as "casas de sauna". Havia "banhos turcos" públicos, descendentes do "caldarium" romano que os turcos haviam adotado e modificado. Bem como os banhos aromáticos foram populares nesse período. A grande peste ainda estava fresca na memória das pessoas e estas começavam a avaliar a importância da higiene. Ao mesmo tempo, os perfumes estavam cada vez mais sendo usados. Seu valor anti-séptico estava sendo reconhecido mais claramente do que hoje se faz, e um banho perfumado era mais agradável e mais higiênico do que um sem perfume.

Japoneses
O banho no Japão é um ritual cotidiano. Todas as casas têm uma sala de banhos, onde se realiza a limpeza da pele antes da imersão, uma área espaçosa com banquetas, bacias e canecas, esponjas e chuveiro manual ou uma torneira que fornece água corrente. Só se entra na banheira depois de o corpo estar completamente limpo. A água pode ser apenas pura e quente, mas uma tradição centenária sugere acrescentar-se nelas algumas substâncias medicinais, embelezadoras, aromatizantes, revigorantes, purificantes, simbólicas ou simplesmente mágicas. Colocam-se flores como íris, rosa e crisântemo; folhas de "daikon", cenoura, cereja e pêssego; frutas, como cidrão, tangerina e laranja; raízes de lótus, gengibre e íris; produtos de arroz, como saquê, vinagre e farelo e toda a enorme variedade de algas. Os puristas plantam, colhem e secam suas próprias folhas e raízes.

Limites de variação da temperatura
De 10ºC a 29ºC - Fria
Essas temperaturas são usadas para estimular o metabolismo, diminuir a irritabilidade muscular, depois que cessam os tremores, tonificar a pele, aumentar a imunidade. Só devem ser usadas por pessoas sem problemas cardíacos ou pressão sangüínea, porque o frio pode produzir uma alteração dos batimentos do coração e um pequeno aumento de pressão.
As temperaturas muito baixas só devem ser usadas por alguns segundos de cada vez, no máximo dois minutos.

De 29 oC a 36 oC - Morna
Um banho matinal precisa ser tonificante, estimulando a eliminação de toxinas e o organismo. A temperatura correta, neste caso, varia ao redor dos 36ºC. Dez minutos de imersão trarão alívio à fadiga física, a qualquer hora do dia.
O banho à noite precisa ser relaxante. Dura de 15 a 30 minutos e tem a temperatura variando entre 37 a 39ºC. Alivia a tensão nervosa, a fadiga mental e o estresse, preparando para um sonho profundo e relaxante.
Valores próximos à temperatura do corpo (37ºC) e, por isso, não ocorrem mudanças fisiológicas profundas. Não provocam muita transpiração e, por conseqüência, pouca eliminação de toxinas e não haverá estimulação do metabolismo decorrente da reação do frio.
A principal função terapêutica do banho morno é criar uma temperatura agradável para o indivíduo entrar num banho medicinal. Um banho morno pode ser tolerado, sem problemas, durante 15 minutos a uma hora.

De 38ºC a 41ºC
O banho de 40 a 42ºC é ideal para músculos doloridos, dores em geral e após grandes esforços físicos, devendo ser de curta duração. Pode ser tomado entre cinco e 15 minutos, mas o ideal é restringi-lo aos horários em que as pessoas não têm de sair de casa depois. Auxilia, ainda, nos problemas espasmódicos.
Por fim, o banho quente em um efeito sedativo e relaxante. Por isso, é melhor tomá-lo no final do dia, quando se pode deitar em seguida. É benéfico nos estados de insônia.

Fonte: Kan Tui, São Paulo, SP

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